Discurso do Sangue e dos Afectos
Da infância guardo o sabor doce das tardes
De sol, de recreio e de brincadeira
Do cheiro da terra e do pão com manteiga
Das gargalhadas sinceras, dos vestidos de cor
E dos arranhões curados com saliva.
Lembro as histórias arrancadas de trapos e bonecas,
De como as insuflava de vida.
E da minha cadela preta que me lambia o rosto.
Do sorriso do meu avô, do olhar singular da minha avó,
Das brincadeiras do meu pai, da minha mãe sempre atenta a tudo
E da forma como ajudaram a fazer-me quem sou hoje.
Nunca esquecerei a minha infância!
Guardo-a no silêncio da minha pele, do coração faz parte
De mim e do meu universo, rima com tudo
O que guardo nas células e na mente.
É o discurso do sangue e dos afectos que,
Verso a verso, revela quem eu sou.
Nadina Carvalho in "Os Dias do Silêncio"
segunda-feira, 5 de março de 2012
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1 comentário:
Lindo e puro. Maravilhoso. Maria Nadina (mnadina@globo.com)
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